quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Práticas Corporais na Idade Média

Segundo os historiadores a Idade Média se dá com a queda do Império Romano com a invasão dos Bárbaros por toda a Europa. Inicia-se então uma ampla disputa de territórios e também o que alguns se arriscam chamar de um processo de mercantilização. Em virtude de várias atrocidades ocorridas durante tais disputas, percebe-se um aumento na crença do cristianismo e com ele a Teologia cristã. Tal crença prega uma acentuada valorização de aspectos espirituais em detrimento aos desejos corporais.


Na Idade Média o corpo serviu, mais uma vez, como instrumento de consolidação das relações sociais. A característica essencialmente agrária da sociedade feudal, justificava o poder da presença corporal sobre a vida cotidiana, características físicas como altura, cor de pele e peso corporal, associadas ao vínculo que o indivíduo mantinha com a terra eram determinantes na distribuição das funções sociais. Os homens eram submetidos a ordens rígidas e ao sistema de castas que impossibilitava qualquer tipo de ascensão social. O homem medieval era extremamente contido, seus impulsos individuais eram proibidos. A presença da instituição religiosa restringia qualquer manifestação mais criativa.

A obtenção do corpo sadio circundava a dominação do indivíduo: a prática física domava a vontade, contribuindo para tornar o praticante subserviente ao Estado. O dualismo corpo - alma norteava a concepção corporal do período, demonstrando a influência das concepções da antiguidade clássica. Segundo o filósofo moderno Descartes o homem constituía-se de duas substâncias: “uma pensante, a alma, razão de sua existência e a outra material o corpo”, visto como algo completamente distinto da alma

Dança

Durante a Idade Média, aproximadamente do século V até o século XIV, o cristianismo tornou-se a força mais influente na Europa. Foram proibidas as danças teatrais, por representantes da Igreja, pois algumas delas apresentavam movimentos muito sensuais. Mas os dançarinos ambulantes continuaram a se apresentar nas feiras e aldeias mantendo a dança teatral viva. Em torno do século XIV, as associações de artesãos promoviam a representação de elaboradas peças religiosas, nas quais a dança era uma das partes mais populares. Quando ocorreu a peste negra, uma epidemia que causou a morte de um quarto da população, o povo cantava e dançava freneticamente nos cemitérios; eles acreditavam que essas encenações afastavam os demônios e impediam que os mortos saíssem dos túmulos e espalhassem a doença.

Jogos e Brincadeiras

A “descoberta” do sentimento de infância ocorreu entre os séculos XV e XVIII, quando se reconheceu que as crianças necessitavam de tratamento especial, uma espécie de “quarentena” – escolarização, antes de ingressar no mundo dos adultos.
Recorrendo aos diários de Jean Héroard, médico do delfim da França, no início do século XVII, Áries (1981) e Manson (2002) evidenciam como eram as brincadeiras e a que períodos do desenvolvimento físico e mental cada uma delas correspondia. Assim, Luis XIII brincava com os brinquedos habituais das crianças pequeninas: cavalo de pau, cata-vento, e peão. Com um ano e cinco meses, o menino jogava “malha e pela”, jogo que, nos dias de hoje, poderia ser comparado ao de golfe e críquete. Nessa mesma idade, aprendeu a tocar violino, a cantar e a dançar, o que revela a importância da música e da dança na educação dos meninos naquela época.

Nessa época não havia uma diferenciação entre brinquedos de meninos e de meninas. Luiz XIII brincava com bonecas e de fazer comidinhas com utensílios em miniatura, de prata, chumbo, cobre ou barro verde.Cabe destacar que cada contexto social produz uma cultura, a partir da qual emergem as concepções de infância, sua educação e a forma de brincar. Acompanhando os estudos históricos, observa-se que a diferença de gênero no lúdico é uma construção cultural.